23

23...22...21...19...17...15...................números que marcaram minha vida. 
Lembro do 22 porque uma vez eu adotei vários filhotes de pombas caídas no quintal ou jardim de casa ou na praça de minha cidade. E o nome delas era referente ao dia em que eu as encontrava. Sempre quis poder revê-las, mas pombas não são como cães, não podemos atá-las a uma coleira, até porque seria estranho, ou ainda engaiola-las e esperar que tudo ficasse bem. 
Com muita dedicação eu as cuidava, tratava com arroz que eu mesma cozinhava (provavelmente a primeira comida séria que "aprendi" a cozinhar) e dedicava meu tempo àquelas aves. 
Foram duas, três, quatro pombinhas...não recordo bem, mas tenho as fotos. 
Lembro das pombas e as comparo com as pessoas. Não há como prendê-las, como amarrá-las, há apenas como amá-las e esperar que esse amor retorne para você, talvez de maneira estranha e adversa ou talvez nem retorne.
Com o número 23, coleciono meu vigésimo terceiro inverno. Sim, inverno. Alguns colecionam primaveras, outros verões ou outonos. Eu coleciono invernos. E nesse vigésimo terceiro inverno pude perceber que apesar do frio que faz lá fora, do vento que assola as janelas, da geada que endurece as folhas, aqui dentro está quentinho.
Aos poucos o tempo vai amadurecendo nossas vidas e a experiência nos educa com os erros cometidos, e na aprendizagem vinda deles, conquistaremos nossos objetivos.!...:
Quentinho do amor que foi retribuído a mim neste último inverno. Palavras de carinho e amor, palavras de amigos. Palavras de pessoas que realmente reservaram um tempinho pra mim, palavras de pessoas que não viram uma notificação na rede social para me parabenizar. 
Nessa última coleção pude finalmente entender minha razão de estar na terra: a de ser boa, a de ser engraçada e de levar minha energia aos outros. Tudo bem, nem sempre estou 100% no pique (e quem estaria?!), mas de ler e ouvir que são essas as características que marcam as outras pessoas, me deixa estática, me deixa orgulhosa demais de mim por saber que eu estou indo a algum lugar e que esse lugar é bom. 
Sempre soube que eu era alguém do bem, não do bem versus mal, mas do bem, da alegria, daquele bem estar que faz alguém se sentir bem. 

Colecionei mais um inverno e foi um inverno tão significativo que não me importaria se o inverno viesse e ficasse mais. Winter is coming e espero que eu possa colecionar muitos mais invernos e com todos eles aprender novas lições e descobrir um pouco mais de mim mesma. 



Elis Regina, 2016.

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