Alegria em pequenas porções
De todos os momentos da vida o mais cruel é o da
transformação. O da transformação drástica. Há transformações que vem para o
bem, que nos empurram para uma boa direção, que nos fazem crescer. Mas há
transformações que nos assustam, aquelas em que não somos mais crianças, nem
adolescentes, nem adultos. Não temos nada e não sabemos de nada, ou pelo menos
pensamos assim. Os amigos já não são os mesmos, eles também se transformaram.
A
instituição de ensino já mudou várias vezes, os professores também. O seu
emprego também mudou, a situação ficou melhor ou pior, e você está suportando
todas essas transformações. Muitas vezes, sem companhia acaba sucumbindo e
chorando. Muitas vezes, passa a desconfiar de qualquer elogio, até mesmo da sua
própria sombra. Descobre que o mundo é cruel e que se quiser fazer parte dele,
também terá de ser. Inúmeras vezes, prefere ficar no seu mundo da cor que
quiser, para fugir dessa realidade que cada vez mais mostra-se cruel.
Imaginando seres perfeitos, amigos verdadeiros, mundo cor de rosa e sempre boas
coisas e pessoas ao teu lado, você levanta a cabeça e segue em frente, não
apenas com um, mas com vários sorrisos diferentes, mostrando a todos que pode
ser você feliz, mesmo com todo o mundo dizendo o contrário. O melhor ainda é
sentir o cheiro da alegria em pequenas porções e em pequenas atitudes todos os
dias e sorrir e guardar e amar cada um desses minutos. Os outros que perdi
tendo que suportar algo que não queria, não foram desperdícios, mas minutos de
um aprendiz.
Elis Regina, 2014.
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