Senhor páscoa
Época de páscoa. Ah...que delícia. Estou, nesse momento, fazendo um ovo de páscoa de colher de dar inveja a muitos confeiteiros por ai. Muito brigadeiro, bolacha de maisena, morangos...Aquele brigadeiro cremoso na panela, no ponto, os moranguinhos já cortados e o recheio sendo preparado. Tudo isso com a confeiteira de primeira mão que sou.
Quando resolvo olhar pela minha janela, a janela do meu apartamento. Não consigo ver muito, pois há muitos prédios ao redor. Em um deles, há um centro de reabilitação onde vejo, diariamente, muitas pessoas, jovens e velhos, entrando e saindo de seus tratamentos.
Quando mais ao lado, venho um senhor. Da janela do meu apartamento, vejo um senhor. Um senhor humilde, calças rasgadas, camiseta suja, roupa surrada. Sim, ali do lado do centro de reabilitação. E ele, na lixeira ao lado, recolhendo latinhas do lixo de outras pessoas. Quanta repugnação, mal pego meu lixo, imagina mexer nos dos outros.
E imagino: como seria a sua páscoa? Seria como a minha? Seria como a das pessoas do centro de reabilitação? Seria como a das pessoas em Brasília?
E me indigno.
Termino meu ovo e vou dormir.
Elis Regina, 2016.
Quando resolvo olhar pela minha janela, a janela do meu apartamento. Não consigo ver muito, pois há muitos prédios ao redor. Em um deles, há um centro de reabilitação onde vejo, diariamente, muitas pessoas, jovens e velhos, entrando e saindo de seus tratamentos.
Quando mais ao lado, venho um senhor. Da janela do meu apartamento, vejo um senhor. Um senhor humilde, calças rasgadas, camiseta suja, roupa surrada. Sim, ali do lado do centro de reabilitação. E ele, na lixeira ao lado, recolhendo latinhas do lixo de outras pessoas. Quanta repugnação, mal pego meu lixo, imagina mexer nos dos outros.
E imagino: como seria a sua páscoa? Seria como a minha? Seria como a das pessoas do centro de reabilitação? Seria como a das pessoas em Brasília?
E me indigno.
Termino meu ovo e vou dormir.
Elis Regina, 2016.
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