É pequeno, mas eu arrumo um lugar



Foi chegando e, aos poucos, bagunçando toda minha rotina, aquela rotina tão certa, sem nenhum, ou pouco atraso, bagunçando toda minha paz de livre, leve, solta, bagunçando toda minha vida.
Começa a querer atenção e, claro, consegue. Começa a opinar na minha vida e, claro, consegue.
Chama minha atenção, rouba minha paz e me deixa sem ar. Frequentemente.
Se infiltrou em todos os aspectos da minha vida desde a educação da linda até a cozinha.
Com uma paz gigantesca, me acalma, me acalenta, me deixa chorar em seu ombro quando a tristeza parece dominar todos os aspectos da minha vida. E, de novo, vem e mostra que ainda há alegria, que ainda há bondade em mim.

Não tenho muito a oferecer. Eu sou toda errada, sistemática, problemática. Tenho defeitos que até eu mesma já desisti de mudar. Sou doida, perdida e chorona. Sinto flores, sinto cores, sinto dores e sinto amores. Tenho uma vida agitada demais e que me obriga a cada dia ser mais ágil e mais frenética que nunca.

Não tenho muito a oferecer, mas posso arrumar um lugar pra você ficar. Um espaço no armário, um lugarzinho para sua escova de dentes, uma muda de roupa. É pequeno e já tá cheio de coisa, mas abraço bem forte e deixo bem pertinho, até vai parecer que tem espaço demais ao nosso redor.
É pequeno, mas eu arrumo um lugar no meio dessa bagunça para você morar. É pequeno, mas é teu.

Elis Regina, 2016.

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