Sonho qualquer.

Era apenas um dia comum na escola. Professores indo e vindo, alunos cá e lá, porém a professora de educação física não veio, em seu lugar havia um professor diferente, carrancudo, estranho. Sem conversas nos direcionamos as salas de aula, quando a professora de educação física chegou à escola, toda apressada e indignada: haviam a substituído, seu emprego fora tirado e recebera o aviso havia poucos minutos antes da aula. Ficamos todos assustados com a notícia e impressionados com a coragem da diretora ao fazer tal vil ato com a professora de educação física. Mas, sem avisos, a perspectiva mudou e já não era quem era. 


Era um ginásio grande, com muita música e agitação. Havia danças para todos os lados e lá estávamos também dançando, muito contentes, com muitos gestos e paixão. A Amiga resolve conectar, porém no meu usuário, e conversar com um amigo seu nas redes sociais. Seu nome era Bruno. Ela começa a pedir se ele havia a visto dançando. Mas nisso, a visão nos muda e nos redireciona novamente para um novo lugar, mas assustador, mas aterrorizante. Neste local, Amiga e eu continuávamos juntas, porém com muito medo. Era floresta, escuro. Em nossa frente, percebíamos uma árvore afastada das outras, mais sombria e no seu meio estava quem menos esperávamos: Bruno. Mas Bruno não era Bruno, Bruno era o Mal, o Mal em carne e osso, com pele vermelha e manchada de preto e com chifres como de cabra, enrugado e virado para trás, acompanhando a coloração de sua pele. Em seu colo, percebíamos um computador ligado e ele concentrado em seus afazeres. Bruno percebeu nossa presença, mas não tirou um olho da tela do computador e apenas dirigiu sua voz alta e profunda a minha amiga que saiu correndo pela floresta quando percebeu o perigo.


 Eu, no entanto, resolvi, num delírio inexplicável, subir a árvore na qual Bruno se encontrava. Ela possuía longos espinhos o que permitiu que subisse. No topo desta árvore, encontrei um pequeno espinho amarelo cor-de-ouro e o mastiguei, com medo de rasgar minha boca nessa tentativa insana de fugir do lugar. O espinho era macio e fácil de engolir, não possuía gosto. Nesse momento, fui levada para casa e estava na cozinha conversando com mamãe e olhando para meu telefone celular. Enquanto isso, Bruno ardia em sua árvore que ardia em fogo e transformava-se em pura lava. Antes de fugir, pude escutar suas palavras nos rogando um grande perigo no futuro e nunca paz plena. Já em casa, despreocupada, aproveitando a vida normalmente, minha mãe ao falar comigo, rapidamente vira seu rosto e me olha com os olhos brancos, somente brancos e nenhuma expressão em seu rosto. Repleta de medo e fora de mim, agarro o que vejo próximo as minhas mãos, um cacho de uva, e jogo em sua cara. Isso bastou para me lembrar do terrível destino que me fora rogado.

Elis Regina, 2014.

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